sábado, 18 de outubro de 2008

MUITAS LUTAS POR LUTAR...

Há coisas nesse mundo que mesmo que se queira, não se consegue mudar, porém vejo com muita impaciência certos hábitos muito antigos serem mudados em nome do progresso. Se existe uma coisa que me incomoda e me chama a atenção é o fato de que a cultura caipira está sendo esquecida, e isto não pode acontecer. Vemos festas caipiras, especialmente nesse mês de junho onde as pessoas lembram São João, Santo Antonio, São Pedro e tentam a seu jeito, mostrar e manter a tradição caipira, só que, na verdade, vemos pessoas vestidas como verdadeiros cawboys americanos se apresentando como caipiras. Vendem-se iguarias nas festas que nada tem a ver com a tradição. Cadê o milho verde, o bolo de fubá, o amendoin, abatata doce, etc... Lembro-me quando pequeno, na Vila Aparecida, aliás, naquele tempo nós a chamávamos de Vila Gomes. Morava na Rua Laudelina de Melo, aliás, onde minha mãe, com 86 anos de idade ainda mora lá e naquele tempo os vizinhos se uniam para fazer festa caipira, que era realizada no meio da rua. Lembro que todos entravam no clima da festa, meu pai trazia algumas iguarias do sítio,cada vizinho entrava com sua parte, fazíamos quadrilha.Era fogueira, quentão, vinho quente, batata doce, mandioca, amendoin, pé-de-moleque, etc. Ah! E tinha sanfoneiro da própria vila animando a festa. Quando não era o Jones Pontes era seu irmão o José de Pontes, ou outro que, com boa vontade vinha animar a festança e sem cobrar nada, tudo pelo gosto d e se divertir. Lembro-me da Dona Tereza, esposa do “seu” Gino, da Terezina do Leopoldo, da Dona Iracema, do Texo, seu filho, do seu César e dona Marcolina, pai e mãe do Osmar, da Cida, da Sandra, do Clovinho, do meu amigo Perácio, que já se foi dessa vida, assim como de minha vó Aurélia (vó Orélia como era mais conhecida), de meu cunhado Rubens Barbosa, que também já se foi, e de tantos outros queridos vizinhos e amigos que já se foram juntamente com meu pai Adriano e que com certeza estão orando por nós. Não posso esquecer da Dita, minha irmãe de todos os outros irmãos, mas era a D ita que m ais incentiva a festa junina daqueles bons tempos. E naquele tempo ninguém se vestia de cawboy, ninguém aparecida com Wsky ou vodka, aliás, nem a cervejinha tinha nestas festas. Que bom ficar em volta das fogueiras, ouvindo o seu Zé Carvalho contar suas estórias, ouvir as modas de viola, ouvir estórias e histórias de caboclos de nossa região. Entendemos que seja necessário buscar o progresso para nossa cidade e para nossa região, afinal, essa terra é muito rica e inexplorada ainda, porém, acho que esse progresso não significa mudar nossa cultura. Somos uma região rica em água, aqui, nosso meio ambiente ainda é preservado, temos flora e fauna intocáveis em muitos lugares ainda. Nossa qualidade de vida é muito boa. Não somos uma região destinada a indústrias poluidoras e não podemos deixar que isso ocorra sob o pretexto de que precisamos de empregos.Não a qualquer custo.Somos uma região agrícola, com ótimas terras para se plantar, então, porque devemos permitir que se entre em nossa região com monuculturas de canas, sob pretexto de enricar a região, para depois virem as usinas e depois a poluição, acabando de vez com nosso meio ambiente e nossas terras agriculturáveis.Não obstante, lutarmos pelo progresso, o queremos para que melhore nossa qualidade de vida e não o contrário, sem no entanto, poluir nosso meio ambiente e nossas mentes. Queremos sentir orgulho de falar caipira, de viver caipira, de ser caipira, onde a simplicidade da vida jamais vai nos deixar envolver com as promiscuidades de uma cidade ou região sem controle onde todos se escondem atrás das grades de suas casas e vizinho não conhece vizinho.Queremos, com orgulho lembrar de nossos vizinhos, nosso amigos, sair na rua, andar solto, dizer que somos do “interior”, de Itapeva e que vivemos na região sudoeste de São Paulo, e ter orgulho de assim sermos conhecidos, como verdadeiros “caipiras do interior”...

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